Uma cirurgia segura e bem sucedida é objetivo de toda a equipe envolvida. A preocupação com a segurança do paciente aumenta ainda mais quando quem será submetido ao procedimento é uma criança, certo?
Estima-se que, até 2019, cerca de 234 milhões de cirurgias eram realizadas no mundo todo. Em pormenores, isso significa que uma em cada 25 pessoas eram submetidas a procedimentos cirúrgicos. Vale ressaltar que, desse total, sete milhões de pacientes apresentaram complicações pós-cirúrgicas.
Entendendo a necessidade de uma diretriz para que profissionais da saúde garantissem a segurança de pacientes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em 2004 a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. Essa aliança tinha como principal objetivo despertar a consciência profissional e o comprometimento político com uma melhor segurança na assistência à saúde.
Mais tarde, em 2009, a OMS lançou o programa Cirurgias Seguras Salvam Vidas ao perceber evidências que pelo menos metade das complicações pós-operatórias poderiam ser evitadas.
Mesmo que existam estes e outros materiais produzidos por profissionais da saúde, além das diretrizes oficiais emitidas pelo Ministério da Saúde endossando o uso de checklists de segurança, ainda assim, esta é uma prática relativamente recente.
Nesse post, além de entender a importância de garantir uma cirurgia segura para os pacientes, também listamos alguns procedimentos padrão para esse momento tão delicado.
O que é uma cirurgia segura?
Pode ser considerada uma cirurgia segura toda a intervenção cirúrgica que segue as normativas e diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde para preservar a saúde do paciente. Para isso, é necessário que haja profissionais capacitados e éticos, ambiente próprio nas instalações de um hospital, além de ferramentas adequadas para a realização do procedimento.
No intuito de garantir que médicos e outros profissionais não pulem etapas essenciais, a OMS criou um checklist cirúrgico com protocolos que devem ser seguidos. Esse checklist é dividido em três momentos: antes da anestesia (Entrada), antes da incisão (Pausa/Time out) e antes do paciente sair do centro cirúrgico (Saída).
Entrada
Nesta primeira etapa, é preciso fazer confirmação dos dados do paciente e demais informações, como centro cirúrgico, alergias e riscos aos quais o paciente pode estar exposto durante o procedimento. É nesse momento também que é feita a checagem dos equipamentos e da equipe presente.
A lista de checagem a ser feita é pela equipe de enfermagem é:
- confirmar verbalmente com o paciente sua identidade;
- confirmar o procedimento e se estão no centro cirúrgico correto;
- confirma o consentimento para a anestesia e a realização da cirurgia;
- confirmar a conexão e funcionamento de um monitor multiparâmetro ao paciente;
- revisar verbalmente com o médico anestesista o risco de perda sanguínea do paciente, dificuldades nas vias aéreas, histórico de reação alérgica e se a verificação completa de segurança anestésica foi concluída.
Pausa/Time out
A pausa é o momento após a anestesia e que antecede a incisão. Aqui, novamente, se confirma as informações do paciente e de qual procedimento deverá ser realizado.
Porém a parte mais importante é conferir se todas as ferramentas foram esterilizadas corretamente e se foi feita a antibioticoterapia profilática (o uso de antibióticos para prevenir infecção em feridas pós-operatórias).
Além disso, também é necessário conferir se todos os exames pré-operatórios do paciente estão disponíveis para consulta.
O checklist básico a ser feito é por algum membro da equipe de enfermagem de verificação na ordem correta é:
- cada membro da equipe deve ser apresentado por seu nome e função;
- nova confirmação dos dados do paciente, centro cirúrgico e da cirurgia a ser realizada;
- revisar verbalmente com a equipe os elementos críticos de seus planos para a cirurgia;
- administração de antibióticos profiláticos nos últimos 60 minutos da incisão cirúrgica;
- confirmação da acessibilidade dos exames de imagens necessários.
Saída
Antes da saída do paciente do centro cirúrgico é necessário conferir se o número de ferramentas e equipamentos usados é o mesmo do início do procedimento. É preciso também revisar com a equipe quais serão os cuidados pós-operatórios, além de relatar possíveis problemas ocorridos durante a cirurgia.
A lista de checagem na ordem correta a ser feita é pelo condutor de verificação é:
- contagem final de gases, esponjas e demais instrumentos;
- identificação de amostras cirúrgicas obtidas;
- revisão e reportamento de mau funcionamento de equipamentos ou outras questões a serem solucionadas;
- revisão de cuidados pós-anestésicos e pós-operatórios.
Qual a importância dos protocolos de cirurgia segura?
Para um médico, a segurança do paciente não é só imprescindível, bem como deve ser a prioridade durante a realização de qualquer procedimento operatório. A adoção de protocolos de realização de cirurgia segura geralmente é feita através da digitalização de alguns processos, como a coleta de dados dos pacientes.
Essa digitalização facilita a consulta e revisão de dados, além de garantir maior segurança na hora de realizar a cirurgia correta em cada paciente.
É raro que um médico se engane e acabe fazendo o procedimento errado em uma paciente, porém não é impossível. Logo, se você tiver que escolher o local onde a criança pela qual você é responsável irá ser operada, dê preferência para hospitais que adotem protocolos que garantam a segurança de seus pacientes.
Além disso, se necessário for, pesquise pela reputação da instituição e do profissional responsável pela operação, e agende uma consulta somente para tirar dúvidas a respeito do procedimento e seus riscos. Isso te dará mais tranquilidade e criará uma relação de confiança entre médico e paciente.
8 pontos que merecem mais atenção para realização de uma cirurgia segura
Já citamos acima de uma maneira mais detalhada qual a ordem correta para pôr protocolos de uma cirurgia segura em prática. No entanto, existem alguns pontos que merecem uma atenção especial durante um procedimento, são eles:
- Proteger o paciente da dor, minimizando os riscos da anestesia;
- Reconhecer dificuldades respiratórias e um plano de ação pronto para a ocasião;
- Preparar-se para agir em caso de grande perda sanguínea;
- Evitar induzir medicações que tragam riscos ao paciente;
- Usar métodos para minimizar o risco de infecções cirúrgicas;
- Evitar a retenção de compressas ou instrumentos em feridas cirúrgicas;
- Identificar, comunicar e trocar informações críticas sobre o paciente;
Claro que isso é apenas uma parcela simplificada do que é uma cirurgia e pode existir a necessidade de que você obtenha conhecimento mais específico a respeito do procedimento que a criança pela qual é responsável realizará. Por isso, conte conosco para tirar dúvidas por aqui ou nas redes sociais (instagram/facebook).