Cirurgia segura: qual a importância de um procedimento seguro

6/12/22

Uma cirurgia segura e bem sucedida é objetivo de toda a equipe envolvida. A preocupação com a segurança do paciente aumenta ainda mais quando quem será submetido ao procedimento é uma criança, certo?

Estima-se que, até 2019, cerca de 234 milhões de cirurgias eram realizadas no mundo todo. Em pormenores, isso significa que uma em cada 25 pessoas eram submetidas a procedimentos cirúrgicos. Vale ressaltar que, desse total, sete milhões de pacientes apresentaram complicações pós-cirúrgicas.

Entendendo a necessidade de uma diretriz para que profissionais da saúde garantissem a segurança de pacientes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em 2004 a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. Essa aliança tinha como principal objetivo despertar a consciência profissional e o comprometimento político com uma melhor segurança na assistência à saúde.

Mais tarde, em 2009, a OMS lançou o programa Cirurgias Seguras Salvam Vidas ao perceber evidências que pelo menos metade das complicações pós-operatórias poderiam ser evitadas.

Mesmo que existam estes e outros materiais produzidos por profissionais da saúde, além das diretrizes oficiais emitidas pelo Ministério da Saúde endossando o uso de checklists de segurança, ainda assim, esta é uma prática relativamente recente.

Nesse post, além de entender a importância de garantir uma cirurgia segura para os pacientes, também listamos alguns procedimentos padrão para esse momento tão delicado.

O que é uma cirurgia segura?

Pode ser considerada uma cirurgia segura toda a intervenção cirúrgica que segue as normativas e diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde para preservar a saúde do paciente. Para isso, é necessário que haja profissionais capacitados e éticos, ambiente próprio nas instalações de um hospital, além de ferramentas adequadas para a realização do procedimento.

No intuito de garantir que médicos e outros profissionais não pulem etapas essenciais, a OMS criou um checklist cirúrgico com protocolos que devem ser seguidos. Esse checklist é dividido em três momentos: antes da anestesia (Entrada), antes da incisão (Pausa/Time out) e antes do paciente sair do centro cirúrgico (Saída).

Entrada

Nesta primeira etapa, é preciso fazer confirmação dos dados do paciente e demais informações, como centro cirúrgico, alergias e riscos aos quais o paciente pode estar exposto durante o procedimento. É nesse momento também que é feita a checagem dos equipamentos e da equipe presente.

A lista de checagem a ser feita é pela equipe de enfermagem é:

  • confirmar verbalmente com o paciente sua identidade;
  • confirmar o procedimento e se estão no centro cirúrgico correto;
  • confirma o consentimento para a anestesia e a realização da cirurgia;
  • confirmar a conexão e funcionamento de um monitor multiparâmetro ao paciente;
  • revisar verbalmente com o médico anestesista o risco de perda sanguínea do paciente, dificuldades nas vias aéreas, histórico de reação alérgica e se a verificação completa de segurança anestésica foi concluída.

Pausa/Time out

A pausa é o momento após a anestesia e que antecede a incisão. Aqui, novamente, se confirma as informações do paciente e de qual procedimento deverá ser realizado.

Porém a parte mais importante é conferir se todas as ferramentas foram esterilizadas corretamente e se foi feita a antibioticoterapia profilática (o uso de antibióticos para prevenir infecção em feridas pós-operatórias).

Além disso, também é necessário conferir se todos os exames pré-operatórios do paciente estão disponíveis para consulta.

O checklist básico a ser feito é por algum membro da equipe de enfermagem de verificação na ordem correta é:

  • cada membro da equipe deve ser apresentado por seu nome e função;
  • nova confirmação dos dados do paciente, centro cirúrgico e da cirurgia a ser realizada;
  • revisar verbalmente com a equipe os elementos críticos de seus planos para a cirurgia;
  • administração de antibióticos profiláticos nos últimos 60 minutos da incisão cirúrgica;
  • confirmação da acessibilidade dos exames de imagens necessários.

Saída

Antes da saída do paciente do centro cirúrgico é necessário conferir se o número de ferramentas e equipamentos usados é o mesmo do início do procedimento. É preciso também revisar com a equipe quais serão os cuidados pós-operatórios, além de relatar possíveis problemas ocorridos durante a cirurgia.

A lista de checagem na ordem correta a ser feita é pelo condutor de verificação é:

  • contagem final de gases, esponjas e demais instrumentos;
  • identificação de amostras cirúrgicas obtidas;
  • revisão e reportamento de mau funcionamento de equipamentos ou outras questões a serem solucionadas;
  • revisão de cuidados pós-anestésicos e pós-operatórios.

Qual a importância dos protocolos de cirurgia segura?

Para um médico, a segurança do paciente não é só imprescindível, bem como deve ser a prioridade durante a realização de qualquer procedimento operatório. A adoção de protocolos de realização de cirurgia segura geralmente é feita através da digitalização de alguns processos, como a coleta de dados dos pacientes.

Essa digitalização facilita a consulta e revisão de dados, além de garantir maior segurança na hora de realizar a cirurgia correta em cada paciente.

É raro que um médico se engane e acabe fazendo o procedimento errado em uma paciente, porém não é impossível. Logo, se você tiver que escolher o local onde a criança pela qual você é responsável irá ser operada, dê preferência para hospitais que adotem protocolos que garantam a segurança de seus pacientes.

Além disso, se necessário for, pesquise pela reputação da instituição e do profissional responsável pela operação, e agende uma consulta somente para tirar dúvidas a respeito do procedimento e seus riscos. Isso te dará mais tranquilidade e criará uma relação de confiança entre médico e paciente.

8 pontos que merecem mais atenção para realização de uma cirurgia segura

Já citamos acima de uma maneira mais detalhada qual a ordem correta para pôr protocolos de uma cirurgia segura em prática. No entanto, existem alguns pontos que merecem uma atenção especial durante um procedimento, são eles:

  1. Proteger o paciente da dor, minimizando os riscos da anestesia;
  2. Reconhecer dificuldades respiratórias e um plano de ação pronto para a ocasião;
  3. Preparar-se para agir em caso de grande perda sanguínea;
  4. Evitar induzir medicações que tragam riscos ao paciente;
  5. Usar métodos para minimizar o risco de infecções cirúrgicas; 
  6. Evitar a retenção de compressas ou instrumentos em feridas cirúrgicas;
  7. Identificar, comunicar e trocar informações críticas sobre o paciente;

Claro que isso é apenas uma parcela simplificada do que é uma cirurgia e pode existir a necessidade de que você obtenha conhecimento mais específico a respeito do procedimento que a criança pela qual é responsável realizará. Por isso, conte conosco para tirar dúvidas por aqui ou nas redes sociais (instagram/facebook).

Felippe Flausino

Dr. Felippe Flausino

MD, M.Sc. Cirurgião Pediátrico (CRM19161 RQE13289) e membro da Associação Brasileira de Cirurgia. Doutorando em Ciências Médicas pela UFSC

Cirurgias pediátricas mais comuns: 5 casos para conhecer

Cirurgias pediátricas mais comuns: 5 casos para conhecer

A pediatria avançou significativamente nos últimos tempos, permitindo que muitos problemas de saúde em bebês sejam diagnosticados precocemente. Assim que nascem, são avaliados para possíveis complicações em sua formação, possibilitando a indicação de cirurgias...

Enterocolite necrosante: saiba como a doença pode afetar os bebês

Enterocolite necrosante: saiba como a doença pode afetar os bebês

A enterocolite necrosante, ou NEC, é uma daquelas palavras que poucos conhecem, mas que carregam um grande peso no mundo dos cuidados neonatais. Essa condição se trata de uma inflamação do intestino que pode ser particularmente grave em crianças, especialmente nos...

Compreendendo a onfalocele: causas, diagnóstico e tratamentos

Compreendendo a onfalocele: causas, diagnóstico e tratamentos

A onfalocele é um desafio inesperado para muitas famílias que pode ocorrer durante o desenvolvimento fetal. No entanto, devido aos avanços médicos dos últimos anos, a condição pode ter um prognóstico bom. Essa é uma condição congênita séria. Na onfalocele, devido a...