A atresia de esôfago é uma malformação congênita rara que afeta o esôfago, tubo que conecta a boca ao estômago. Nessa condição, o esôfago não se desenvolve adequadamente, resultando em uma obstrução ou fechamento anormal do órgão. A condição pode ser diagnosticada logo após o nascimento ou durante a gestação em exames pré-natais.
Tipos de atresia de esôfago
Existem vários tipos de atresia de esôfago, que são classificados de acordo com a presença ou ausência de uma fístula traqueoesofágica. São eles:
Atresia de esôfago sem fístula (Tipo A):
Esse é o tipo mais desafiador porque as partes do esôfago estão muito distantes. Porém existe tratamento por vídeo-cirurgia em que pode ser realizado o alongamento deste esôfago a fim de preservá-lo.
Atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica:
Nesse tipo, há uma abertura anormal (fístula) entre o esôfago e a traqueia. Essa fístula pode ocorrer em diferentes localizações, resultando em diferentes subtipos com fístula traqueoesofágica:
- Tipo B: A comunicação está localizada entre o segmento superior do esôfago e a traqueia. Geralmente, neste tipo, a distância entre as partes do esôfago é longa.
- Tipo C: Este é o tipo mais comum. A fístula está localizada entre o segmento inferior do esôfago e a traqueia. Com o segmento superior do esôfago terminando em uma bolsa cega.
- Tipo D: Tipo muito raro, em que existem duas comunicações entre o esôfago e a traqueia. Uma superior e outra inferior.
Sintomas
Os sintomas da atresia de esôfago geralmente se manifestam logo após o nascimento e podem incluir:
- Bebê com dificuldade de deglutição, recusando líquidos ou alimentos, bem como ocorrência de engasgos frequentes e tosse;
- O bebê pode regurgitar ou vomitar consistentemente, mesmo sem ter se alimentado completamente;
- Inchaço ou distensão abdominal;
- Alguns bebês podem apresentar dificuldades respiratórias, como respiração rápida, respiração ruidosa ou até mesmo cianose (coloração azulada da pele devido à falta de oxigênio);
- Aumento no fluxo de saliva (também conhecida como sialorréia), pois a saliva não consegue passar adequadamente do esôfago para o estômago.
Diagnóstico pré-natal
O diagnóstico pré-natal pode ser realizado através dos exames de rotina durante a gravidez. No entanto, é importante observar que nem sempre é possível detectar a atresia de esôfago durante a gravidez, especialmente no início da gestação. Em muitos casos, o diagnóstico ocorre apenas após o nascimento, na sala de parto ou quando os sintomas começam a se manifestar.
A detecção pré-natal da atresia de esôfago pode ocorrer em casos mais graves, nos quais há uma obstrução completa do esôfago e acúmulo de líquido no trato digestivo do feto. Alguns dos métodos utilizados para o diagnóstico pré-natal da atresia de esôfago incluem:
Ultrassonografia Obstétrica, Ressonância Magnética Fetal e Amniocentese (uma pequena quantidade de líquido amniótico é retirada do útero da mãe para análise).
Caso haja suspeita de atresia de esôfago com base nos exames pré-natais ou nos sintomas identificados durante a gravidez, é fundamental buscar acompanhamento médico especializado.
Diagnóstico neonatal
Nesse caso, o diagnóstico de atresia de esôfago é geralmente realizado pouco após o nascimento do bebê, quando os sintomas começam a se manifestar. Os procedimentos e exames que podem ser usados no diagnóstico neonatal são: exame físico, radiografia de tórax, ultrassonografia, ecocardiograma e passagem de sonda nasogástrica.
Após o diagnóstico confirmado, o bebê é encaminhado para uma equipe médica especializada para iniciar a melhor forma de tratamento de acordo com o tipo de atresia.
Tratamento
O tratamento envolve cirurgia para corrigir a obstrução com o objetivo principal de permitir que o bebê possa se alimentar adequadamente e desenvolver-se normalmente.
Assim que o diagnóstico é confirmado, o bebê é admitido no hospital e medidas de suporte são iniciadas. Isso pode incluir a colocação de uma sonda nasogástrica para aliviar o estômago do acúmulo de ar e líquidos, mantendo-o vazio.
A correção cirúrgica é geralmente realizada dentro dos primeiros dias ou semanas de vida do bebê. O procedimento depende do tipo específico de atresia de esôfago e pode variar. O objetivo principal da cirurgia é unir as partes do esôfago e fechar qualquer fístula traqueoesofágica presente.
Em casos de atresia de esôfago sem fístula (Tipo A) a distância entre as partes do esôfago é grande e, na maioria das vezes, a cirurgia definitiva pode ser atrasada até que o segmento superior do esôfago consiga ser conectado ao segmento inferior, permitindo que o alimento passe do esôfago para o estômago.
Já em casos de atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica distal (tipo C) a cirurgia envolve o fechamento da fístula e a conexão dos segmentos do esôfago. A reconstrução do esôfago é realizada para restaurar a continuidade do trato digestivo.
É importante ressaltar que cada caso é único, e a abordagem terapêutica pode variar dependendo das características específicas da atresia de esôfago e das condições individuais do bebê.
Cuidados pós-operatórios
Após a cirurgia, o bebê é monitorado na unidade de terapia intensiva neonatal ou em uma unidade especializada em cirurgia pediátrica. São realizados cuidados para garantir a recuperação adequada, como a administração de alimentação por sonda nasogástrica ou gastrostomia, para permitir a nutrição adequada enquanto o esôfago se recupera.
O prognóstico a longo prazo geralmente é bom, mas pode variar dependendo da presença de outras malformações congênitas e complicações associadas. O bebê deverá passar por um acompanhamento médico regular para avaliar a recuperação, o crescimento e o desenvolvimento adequado. Podem ser necessários exames de acompanhamento, como radiografias de controle.
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