Fimose em crianças: 5 perguntas comuns sobre a condição

5/07/23

A fimose é relativamente comum em meninos jovens e afeta muitas crianças em todo o mundo. É uma condição em que a abertura do prepúcio (pele que cobre a glande do pênis) é estreita e, portanto, não pode ser completamente retraído. Isso pode dificultar a higiene genital e, em alguns casos, causar sintomas como dor, inflamação ou dificuldade em urinar.

A maioria dos meninos nasce com fimose, mas normalmente até os 7 ou 8 anos de idade a condição desaparece. Contudo, se isso não acontecer, é fundamental que os pais levem a criança para realizar uma consulta junto a um cirurgião pediátrico, pois se não for tratada, pode levar a complicações mais graves, como infecções do trato urinário e parafimose.

Entenda mais sobre a condição:

1. Qual a diferença entre a fimose fisiológica de uma fimose patológica?

A fimose fisiológica é comum em recém-nascidos e lactentes. O prepúcio é estreito, com a pele fina e elástica, mas geralmente se resolve espontaneamente à medida que a criança cresce. É considerada uma condição normal e esperada, não requerendo tratamento na maioria dos casos. Nunca se deve forçar uma fimose fisiológica.

A fimose patológica se trata de um estreitamento anormal do prepúcio que persiste além da fase infantil. Este estreitamento é causado por um processo de hipertrofia da pele do prepúcio. Neste processo a pele fica endurecida e não possibilitando que uma gentil retração do prepúcio exponha a glande. Pode ser causada por inflamação, infecções recorrentes, cicatrizes ou outras condições que afetam a elasticidade do prepúcio. Nesses casos, pode ser necessário tratamento médico ou cirúrgico.

2. O que é importante fazer para evitar que uma fimose fisiológica vire uma fimose cirúrgica?

A fimose fisiológica geralmente melhora com o tempo à medida que a criança cresce e os tecidos se desenvolvem. No entanto, existem algumas práticas gerais de cuidados com a higiene genital que podem ser recomendadas para manter a saúde do prepúcio e prevenir infecções, como ensinar a criança a realizar uma higiene adequada da área genital, incluindo a lavagem regular do pênis durante o banho, bem como não forçar a retração do prepúcio. Lembre-se também de ensinar a criança a retrair suavemente o prepúcio apenas até onde seja confortável, sem forçar ou causar dor sempre que for fazer xixi. A urina que permanece no prepúcio contribui muito para infecções nesta região, causando assim um endurecimento da pele. A criança deve ser educada também a esvaziar completamente a bexiga durante o xixi.

É importante não limpar o pênis com produtos irritantes, pois isso pode causar irritação na área. Lavar suavemente com água morna é geralmente suficiente para a higiene diária.

3. Quais são os sintomas?

Os sintomas podem variar de criança para criança e dependem do grau de estreitamento do prepúcio. Alguns sintomas comuns associados à fimose em crianças podem ser:

  • Dificuldade em retrair o prepúcio e expor completamente a glande do pênis. A abertura do prepúcio pode ser muito estreita, limitando a exposição da glande.
  • Em alguns casos, a tentativa de retrair o prepúcio pode causar dor, desconforto ou sensibilidade na criança.
  • A fimose pode levar a um acúmulo de secreções e dificuldade de higiene adequada da glande e do prepúcio. Isso pode resultar em inflamação da glande e do prepúcio, conhecida como balanopostite. Os sintomas podem incluir vermelhidão, inchaço, sensibilidade, dor e pus.
  • Em casos mais graves de fimose, em que a abertura do prepúcio é muito estreita, a passagem da urina pode ser dificultada. Isso pode resultar em jatos de urina fracos, fluxo interrompido ou até mesmo dificuldade em urinar.
  • Algumas vezes a pele pode ser forçada e retraída causando um “enforcamento” da glande. Evento conhecido como parafimose, com necessidade de avaliação cirúrgica de urgência.

É importante observar que nem todas as crianças com fimose apresentam sintomas. Algumas crianças podem ter fimose fisiológica, que como mencionado acima, é uma condição natural e esperada em bebês e crianças pequenas, e a abertura do prepúcio tende a se alargar à medida que a criança cresce.

4. Quando devo tratá-la?

É importante consultar um médico para avaliar a fimose e determinar o tratamento mais adequado para cada caso. O médico pode fazer uma avaliação clínica, considerar a idade do paciente, a gravidade dos sintomas e outras condições de saúde antes de recomendar uma opção de tratamento específica.

O tratamento da fimose depende da gravidade dos sintomas e da idade do paciente. Em casos de fimose fisiológica em crianças, muitas vezes não é necessária intervenção, pois a condição tende a se resolver naturalmente com o tempo. Nesses casos, é importante garantir uma higiene adequada do pênis.

Em alguns casos de fimose leve ou adquirida, o uso de pomadas ou cremes pode ajudar a reduzir a inflamação e a facilitar o alongamento gradual do prepúcio.

Quando a cirurgia é indicada como tratamento para a fimose, o procedimento envolve a remoção do prepúcio. Preferencialmente a cirurgia é geralmente realizada entre 7 e 10 anos de idade, antes disso, a criança deve realizar acompanhamento médico periódico para avaliação da condição. É um tratamento efetivo para a fimose persistente ou recorrente e é mais comum em casos de fimose patológica ou quando outras opções de tratamento não são eficazes.

5. Como é o procedimento cirúrgico?

A decisão de realizar o procedimento em uma criança é geralmente tomada pelo médico em conjunto com os pais ou responsáveis, levando em consideração fatores como a idade da criança, a gravidade da fimose e a presença de complicações ou malformações relacionadas.

A cirurgia, chamada postectomia, é um procedimento simples realizado por um médico especializado, como um cirurgião pediátrico, em um ambiente hospitalar. É realizado sob anestesia geral. A técnica específica utilizada pode variar de acordo com o médico e o caso individual da criança. A postectomia em crianças pode levar em média de 30 minutos a 1 hora.

Após o tratamento cirúrgico, a criança sai no mesmo dia do hospital e, em cerca de 5 dias, pode retomar as atividades normais. Geralmente, a cicatrização dura 14 dias e nesse período os pontos são absorvidos ou caem totalmente.

A criança precisará de cuidados pós-operatórios adequados, incluindo a limpeza da área e a aplicação de pomadas ou curativos conforme orientação médica. É importante seguir as instruções médicas para garantir uma recuperação adequada.

É um procedimento seguro, mas como qualquer cirurgia, pode envolver riscos e complicações. É essencial discutir detalhadamente com o médico os benefícios, os riscos e as considerações específicas para a criança antes de decidir pela realização da cirurgia.

Para obter mais informações sobre esse e outros procedimentos, estamos sempre a sua disposição em nossos canais de comunicação. Entre em contato conosco por aqui ou através de nossas redes sociais (instagram/facebook) e marque sua consulta!

Felippe Flausino

Dr. Felippe Flausino

MD, M.Sc. Cirurgião Pediátrico (CRM19161 RQE13289) e membro da Associação Brasileira de Cirurgia. Doutorando em Ciências Médicas pela UFSC

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