Pode tomar vacina antes da cirurgia pediátrica?

18/03/25

A vacinação é uma das formas mais eficazes de proteger as crianças contra diversas doenças, mas muitos pais têm dúvidas sobre a relação entre vacinas e cirurgias pediátricas. A principal preocupação é se tomar vacina antes da cirurgia pode interferir no procedimento ou na recuperação da criança. 

Embora a vacinação seja segura, é importante respeitar um período adequado entre a imunização e a cirurgia para evitar complicações, como reações adversas. Por isso, é essencial que os pais estejam bem informados sobre o melhor momento para vacinar seus filhos antes de uma cirurgia pediátrica. Neste artigo, abordamos qual deve ser este intervalo além de outros cuidados pré-operatórios.

É proibido tomar vacina antes da cirurgia pediátrica?

Não há uma proibição absoluta para tomar vacina antes da cirurgia pediátrica. Mas, como adiantei, existe a recomendação de um intervalo entre a imunização e o procedimento. Isso ocorre porque tanto a anestesia quanto a cirurgia podem impactar temporariamente o sistema imunológico, reduzindo a eficácia da vacina.

Além disso, algumas vacinas podem causar reações adversas leves, como febre, dor no local da aplicação e mal-estar. Essas reações são normais, pois fazem parte do processo de defesa do corpo para ativar o sistema imunológico após a vacina. No entanto, podem ser confundidas com sinais de infecção ou complicações pós-cirúrgicas, o que torna o acompanhamento médico mais desafiador.

Por isso, a recomendação geral é que, sempre que possível, haja um intervalo entre a vacina e a cirurgia. A decisão sobre manter ou adiar um procedimento será tomada pelo cirurgião pediátrico e pelo anestesista, levando em consideração o quadro clínico da criança e a urgência da cirurgia.

O que a vacina pode provocar no organismo?

As vacinas são formuladas para estimular o sistema imunológico a criar defesas contra doenças específicas, sem que o organismo seja exposto ao vírus ou bactéria em sua forma ativa. Isso significa que a vacina não causa a doença, mas ensina o corpo a reconhecê-la e combatê-la de maneira eficaz.

Como parte desse processo de ativação da imunidade, algumas reações podem ocorrer após a vacinação. Os efeitos mais comuns incluem dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação, além de febre baixa e mal-estar passageiro.

Essas reações geralmente surgem entre algumas horas e três dias após a imunização e desaparecem sem a necessidade de tratamento. Em casos mais raros, podem ocorrer reações alérgicas mais intensas, como reações alérgicas mais intensas, fraquezas e até alterações motoras, situações que exigem atendimento médico imediato. 

Mas vale dizer que tratam-se de reações incomuns e que os benefícios da vacinação superam amplamente os riscos, garantindo proteção contra doenças potencialmente graves.

Qual deve ser o intervalo entre a vacina e a cirurgia?

O tempo recomendado para tomar a vacina antes da cirurgia pediátrica varia conforme o tipo de imunização. As vacinas atenuadas, que utilizam vírus ou bactérias enfraquecidos, podem provocar reações adversas entre 7 e 20 dias após a aplicação. Por isso, recomenda-se um intervalo ideal de 20 dias para a realização da cirurgia. Esse grupo inclui:

  • BCG;
  • Rotavírus;
  • Febre amarela;
  • Poliomielite oral;
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola);
  • Tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela);
  • Varicela (catapora);
  • Dengue.

Já as vacinas inativadas, que utilizam microrganismos mortos ou fragmentos de agentes infecciosos, apresentam reações geralmente leves e limitadas às primeiras 48 horas após a aplicação. Isso permite um intervalo menor, sendo possível vacinar a criança até 7 dias antes da cirurgia. Entre essas vacinas estão:

  • Covid-19;
  • Poliomielite injetável;
  • DTP ou DTP acelular (difteria, tétano e coqueluche);
  • Haemophilus tipo B;
  • Hepatite B;
  • Pneumocócica;
  • Meningocócica;
  • Influenza (gripe);
  • Hepatite A;
  • HPV;
  • Raiva.

Em casos de cirurgia de urgência, quando a criança foi recentemente vacinada, a equipe médica avaliará a situação para decidir se o procedimento pode ser mantido ou se é necessário monitoramento especial no pós-operatório para evitar qualquer intercorrência.

Quais outros cuidados devem ser tomados antes da cirurgia pediátrica?

Além do tempo da vacina antes do procedimento, outros cuidados são fundamentais para garantir uma cirurgia segura. Os exames pré-operatórios devem ser realizados conforme a indicação médica e podem incluir hemograma, exames cardíacos e testes específicos, dependendo do histórico de saúde da criança e do tipo de cirurgia. Esses exames ajudam a identificar possíveis riscos e a garantir que o paciente esteja em condições ideais para o procedimento.

O jejum antes da cirurgia também é uma recomendação indispensável. Isso porque, durante a anestesia, os reflexos naturais do organismo são inibidos e, caso ocorra vômito, há risco de aspiração de alimentos para os pulmões, o que pode causar complicações respiratórias graves. O tempo indicado para o jejum vai variar de acordo com o tipo de alimento ingerido. 

Fora essas precauções, os pais devem preparar a criança para a cirurgia, explicando de maneira simples o que vai acontecer e garantindo um ambiente acolhedor. Escolher roupas confortáveis e manter uma comunicação tranquila com a equipe médica, sem causar alardes, são atitudes simples que ajudam a tornar a experiência menos estressante para toda a família.

Um pré-operatório seguro começa aqui!

A escolha do profissional certo faz toda a diferença. O acompanhamento médico e a comunicação entre os pais e a equipe cirúrgica são essenciais para um processo seguro e tranquilo. Por isso, faço questão de orientar você sobre todos os cuidados pré-operatórios, incluindo a importância da vacina antes da cirurgia. Entre em contato e conte comigo para cuidar do seu pequeno! Você também pode me encontrar no Instagram e no Facebook.

Felippe Flausino

Dr. Felippe Flausino

MD, M.Sc. Cirurgião Pediátrico (CRM19161 RQE13289) e membro da Associação Brasileira de Cirurgia. Doutorando em Ciências Médicas pela UFSC

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