Cirurgias pediátricas eletivas: o que são e quais os procedimentos mais comuns?

22/05/25

As cirurgias pediátricas eletivas são procedimentos programados que, embora não sejam urgentes, são importantes para garantir o desenvolvimento saudável e o bem-estar dos pequenos. Essas cirurgias pediátricas são indicadas quando há uma condição médica que precisa de intervenção, mas pode ser planejada com antecedência, sem risco imediato à vida da criança.

Ao contrário das emergências cirúrgicas, que exigem urgência, as cirurgias pediátricas eletivas permitem que a família se prepare com calma, organizando todos os exames pré-operatórios e esclarecendo dúvidas com o cirurgião pediátrico. Neste artigo, vamos abordar as diferenças entre as cirurgias de emergência e eletivas, os principais procedimentos pediátricos eletivos e o tempo ideal de espera para realizá-las.

Diferença entre cirurgias pediátricas eletivas e emergenciais

As cirurgias eletivas são agendadas com antecedência, o que significa que o quadro clínico da criança permite que o procedimento seja planejado com segurança. Elas ocorrem tanto em ambiente hospitalar quanto ambulatorial e representam boa parte dos encaminhamentos feitos pelos serviços de atenção primária à cirurgia infantil.

Entre os exemplos de cirurgias pediátricas eletivas mais comuns estão a correção de fimose (postectomia), hérnias (umbilical, inguinal), hidrocele e criptorquidia. Esses procedimentos, muitas vezes, são realizados em regime de hospital-dia – ou seja, a criança recebe alta no mesmo dia da cirurgia.

Um dos desafios enfrentados pelos pais é o tempo de espera para a realização dessas cirurgias. Um estudo que avaliou 289 pacientes mostrou que cerca de 64,7% das crianças foram operadas até 30 dias após avaliação com o cirurgião. No entanto, 8,3% esperaram mais de 60 dias. Em mais da metade desses casos, a espera foi devido à fila cirúrgica hospitalar.

Qual o tempo de espera adequado para cirurgias pediátricas eletivas?

O tempo de espera para uma cirurgia pediátrica eletiva é um fator relevante no acesso à saúde e tem impacto direto sobre o bem-estar da criança e da família. Em diversos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma espera superior a três meses é considerada excessiva, mesmo para procedimentos agendáveis.

Esse mesmo levantamento mostrou que, no Brasil, o tempo médio entre o encaminhamento pela atenção primária à realização da cirurgia teve uma mediana de 4 meses. Já o intervalo entre a avaliação com o cirurgião pediátrico e o procedimento foi, em média, de 1,21 mês, com mediana de 1 mês.

Ainda que não haja urgência clínica imediata, é normal que o diagnóstico de uma condição que exige cirurgia gere ansiedade e preocupação. E, quanto maior o tempo de espera, maior também o estresse e a preocupação da família. 

Por isso, tão importante quanto o diagnóstico é o planejamento cirúrgico em tempo adequado, sempre com o suporte de um cirurgião pediátrico de confiança, tanto para evitar o agravamento da condição quanto para diminuir o estresse emocional da família.

Quais são as cirurgias pediátricas eletivas mais comuns?

A realização de cirurgias eletivas é predominante em pacientes do sexo masculino. Isso reflete, em parte, a maior incidência de certas condições cirúrgicas em meninos, como é o caso da fimose e da hérnia inguinal. A seguir, destaco as cirurgias pediátricas eletivas mais recorrentes:

1. Hérnias inguinais

Uma das condições cirúrgicas mais comuns na infância, a hérnia inguinal ocorre em aproximadamente 5% dos recém-nascidos, com incidência ainda maior (11%) em prematuros. O motivo principal que justifica a correção cirúrgica precoce é o risco de encarceramento da hérnia, que pode chegar a 30% no primeiro ano de vida. O procedimento é simples e, na maioria dos casos, feito de forma ambulatorial.

2. Postectomias

A postectomia infantil é a cirurgia realizada para tratar a fimose, que é quando o prepúcio (pele que recobre a glande) não se retrai normalmente. Embora muitos casos se resolvam espontaneamente até os 3 anos, há situações em que a cirurgia é indicada – especialmente quando há infecções recorrentes ou dificuldade de higiene. A cirurgia é rápida, com recuperação tranquila, e geralmente é realizada em hospital-dia.

3. Hérnias umbilicais

As hérnias umbilicais são comuns em recém-nascidos e ocorrem quando a abertura do cordão umbilical não fecha completamente. Em grande parte dos casos, resolvem-se espontaneamente por volta dos três a quatro anos de idade. 

No entanto, se a hérnia persistir após esse período ou aumentar de tamanho, pode ser indicada a correção cirúrgica. Se a hérnia ficar presa, torna-se uma urgência médica.

4. Orquidopexia

A orquidopexia é a cirurgia indicada para tratar a criptorquidia, condição em que o testículo não desce para a bolsa escrotal. Essa correção é importante para prevenir complicações como infertilidade ou maior risco de câncer testicular no futuro. Nos casos em que os testículos não descem naturalmente até o sexto mês, a cirurgia é indicada para ser realizada até os dois anos de idade.

A importância do acompanhamento pediátrico 

Realizar uma cirurgia infantil com segurança, seja ela emergencial ou eletiva, começa com o acompanhamento de um cirurgião pediátrico de confiança. Esse especialista é o responsável por avaliar a real necessidade da cirurgia, indicar o melhor momento para realizá-la e orientar a família sobre os cuidados antes e depois do procedimento.

Em muitas situações, a presença de um cirurgião pediátrico já no pré-natal – no caso de malformações detectadas durante a gestação – permite que a equipe médica se prepare para realizar a cirurgia o quanto antes, se necessário, para não colocar a vida do bebê em risco. 

Nos demais casos, o planejamento da cirurgia em tempo oportuno faz toda a diferença para a saúde e o desenvolvimento dos pequenos. Para isso, conte comigo e minha equipe para dar todo o suporte que sua família e sua criança precisam. Agende já uma consulta!

Felippe Flausino

Dr. Felippe Flausino

MD, M.Sc. Cirurgião Pediátrico (CRM19161 RQE13289) e membro da Associação Brasileira de Cirurgia. Doutorando em Ciências Médicas pela UFSC

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