Crianças com autismo e cirurgia: dicas importantes 

1/12/23

Para uma criança, a perspectiva de uma cirurgia pode ser assustadora e estressante. Para uma criança com autismo, essa experiência pode ser ainda mais desafiadora devido a possíveis dificuldades na compreensão, comunicação e sensibilidade sensorial. 

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição neurológica que pode afetar a maneira como uma pessoa se comunica, interage socialmente e processa informações. Logo, crianças com autismo são mais sensíveis a qualquer mudança na rotina ou a serem separadas de seus cuidadores, o que pode causar grande desconforto ao entrar em um ambiente cirúrgico, por exemplo.

No entanto, existem formas de ajudar a criança com autismo, tanto nos momentos pré-cirúrgicos, quanto a lidar melhor com o processo do início ao fim. Abaixo você encontrará algumas dicas importantes.

Antes da cirurgia

  • Obtenha o máximo de informações: Assim que você descobrir que seu filho precisará passar por uma cirurgia, é necessário obter o máximo de informação possível sobre a cirurgia. Perguntas que podem ajudar são: Quando e onde a cirurgia será realizada? O que a cirurgia afeta? Quão invasivo será o procedimento? Qual é o tempo de recuperação típico? Relate também as necessidades do seu filho ao médico. 
  • Agende a cirurgia para uma boa data e hora: Autistas podem ter um tempo de recuperação incomum em comparação com outras pessoas. Faça todo o possível para evitar o agendamento da cirurgia em uma semana ocupada para você ou seu filho, seja por causa de sua escola, seu trabalho, sua terapia ou quaisquer atividades externas que possam entrar em conflito com a cirurgia ou com o período de recuperação. 
  • Use comunicação adaptada: Utilize recursos visuais, como imagens, histórias sociais ou vídeos, para explicar o procedimento cirúrgico de maneira visual e adaptada ao nível de compreensão da criança. Isso pode reduzir a ansiedade e ajudar a criança a entender o que esperar.
  • Estabeleça uma rotina de conversas: Converse regularmente sobre a cirurgia, respondendo às perguntas da criança e tranquilizando-a sobre o processo. Ofereça informações claras e honestas, adaptadas à capacidade de compreensão dela.
  • Visitas antecipadas ao hospital: Se possível, faça visitas prévias ao hospital para que a criança possa se familiarizar com o ambiente, conhecer os profissionais e entender o que acontece no local.
  • Converse com a equipe médica: Explique à equipe médica sobre o autismo da criança, suas preferências e desafios específicos. Isso ajudará a equipe a adaptar o ambiente e as interações para melhor atender às necessidades da criança.

No dia da cirurgia

  • Respeite as sensibilidades da criança: Leve em consideração as sensibilidades sensoriais da criança. Se ela é sensível a luzes, sons ou texturas, traga itens que possam ajudar a minimizar o desconforto, como fones de ouvido, óculos de sol ou objetos sensoriais.
  • Vista-a confortavelmente: Permita que a criança use roupas confortáveis e familiares, considerando suas preferências sensoriais.
  • Mantenha uma rotina estável: Tente manter a rotina da criança o mais consistente possível no dia da cirurgia, seguindo seus hábitos e atividades regulares sempre que viável.
  • Planeje o pós-cirúrgico: Explique à criança o que acontecerá após a cirurgia, incluindo os cuidados pós-operatórios e o retorno à rotina normal, para ajudá-la a se sentir mais preparada e segura.
  • Leve livros, filmes e outras atividades que seu filho possa fazer enquanto relaxa. Seu filho provavelmente vai precisar descansar depois, então encontre coisas que eles possam fazer. Crianças autistas costumam estimular a expressão de emoções ou manter a calma em ambientes estressantes, e não é considerado incomum que as crianças carreguem um cobertor, brinquedo ou objeto de conforto. Permita que seu filho escolha algo que possa levar consigo para conforto, e peça que os médicos e enfermeiras não o tirem de repente do seu filho.
  • Seja um suporte calmo: Mantenha uma atitude calma e tranquilizadora ao falar sobre a cirurgia, transmitindo confiança e segurança para a criança.
  • Esteja presente: Se possível, acompanhe a criança durante o processo cirúrgico, oferecendo conforto e apoio emocional.
  • Alerte os enfermeiros de qualquer problema de saúde do seu filho: Quando seu filho estiver sendo internado no hospital para sua cirurgia, não deixe de mencionar quaisquer problemas de saúde que seu filho possa ter, e traga as acomodações necessárias para os enfermeiros que trabalham com eles. 

Pós-operatório e recuperação

Após a cirurgia, a criança pode precisar de suporte adicional para lidar com o desconforto, a recuperação e possíveis mudanças na rotina. É importante considerar como esses ajustes podem afetá-la e oferecer apoio conforme necessário. Além disso, obtenha as instruções para o cuidado pós-operatório de seu filho por escrito. Quando o seu filho chegar em casa, ele vai precisar de cuidados diferentes do que é normal para ele. Você pode obter essas informações durante ou após a cirurgia de seu filho, mas certifique-se de receber informações de cuidados pós-operatórios.

Precisamos lembrar que cada criança com autismo é única, e as estratégias de apoio devem ser adaptadas às suas necessidades individuais. A preparação e o suporte adequados podem fazer uma grande diferença na capacidade da criança de lidar com a cirurgia, reduzindo o estresse e a ansiedade associados a esse evento. Por isso, é fundamental buscar orientação médica e terapêutica especializada para crianças com autismo.

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Felippe Flausino

Dr. Felippe Flausino

MD, M.Sc. Cirurgião Pediátrico (CRM19161 RQE13289) e membro da Associação Brasileira de Cirurgia. Doutorando em Ciências Médicas pela UFSC

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